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Chegada de Tom
Chegada de Tom de Souza Bahia - Gravura do Sec XIX

Durante quase 50 anos, as terras do Brasil permaneceram istradas distncia, no havendo no pas um cargo especfico para o controle poltico das terras brasileiras . Em 1549 foi finalmente criado o Governo-Geral com a chegada de Tom de Souza e a construo de Salvador, a sede do Governo. Contrariando a opinio de alguns autores, Tavares (1987) afirma que o Governo-Geral no foi criado para substituir as Capitanias, mas para conserv-las. Portanto, no havia substituio, mas sim a criao de um centro poltico, istrativo, militar, judicirio e fiscal. y182x

Segundo regimentos prprios o Governo-Geral deveria promover a segurana militar no litoral, istrar a cidade de Salvador, cobrar dzimas e redzima devidas ao rei em todas as Capitanias, fiscalizar os deveres dos donatrios e dos colonos para com o rei, julgar os delitos civis e penais. Segundo Alencar (1981) o Governo-Geral deveria combater tribos rebeladas aliando-se a outras e promovendo adversidades entre elas, realizar entradas em busca de riquezas minerais, desenvolver a construo naval e estimular a catequese.

Para o Governo-Geral foram criados os cargos de Governador-Geral, Ouvidor-Geral, Provedor-Mor da Fazenda e Capito-Mor da Costa. Tambm foi instituda a Casa da Cmara composta de membros indiretamente eleitos ou nomeados. Em 1646 ou a denominar-se Senado da Cmara.
A organizao poltica do Brasil se deu, inicialmente, em trs sucessivos Governos-Gerais, que foram:

Primeiro Governo
Em 7 de janeiro de 1549 foi nomeado o fidalgo Tom de Souza para exercer por trs anos a funo de Governador-Geral do Brasil com os ttulos de Governador das Capitanias e terras da Bahia e Governador das Capitanias e terras do Brasil. Com ele vieram em torno de 1000 pessoas entre colonos e funcionrios subalternos da Coroa e religiosos da Companhia de Jesus chefiados pelo Padre Manuel da Nbrega. Inicialmente, Tom de Souza e sua gente ocuparam a Vila do Pereira mas,logo foi construda a cidade do Salvador, primeira ao do Governador-Geral, para onde a populao foi deslocada.

Ainda durante o primeiro Governo-Geral foi criado o bispado de Salvador, o primeiro do Brasil que teve como titular o bispo D. Pero Fernandes Sardinha. Em 1551 foi introduzido no Brasil o gado trazido de Cabo Verde e a pecuria aliou-se cultura da cana e do algodo nas sesmarias concedidas por Tom de Souza.

Segundo Governo
Duarte da Costa, segundo Governador-Geral, chegou ao Brasil em 13 de junho de 1553, trazendo mais alguns jesutas como Jose de Anchieta. Este governo caracterizou-se pela desarmonia existente entre membros do governo, jesutas e colonos. No entanto, foi no segundo Governo de Duarte da Costa que se efetuou a conquista do Recncavo cujas terras frteis de massap impulsionaram ainda mais a produo de cana-de-acar. Seu filho lvares da Costa destacou-se na guerra contra os ndios que no aceitavam o domnio europeu, sendo formada neste governo uma tropa regular e paga usada nas batalhas de extermnio.

Terceiro Governo
No ano de 1557, Men de S veio para o Brasil e iniciou o terceiro Governo-Geral. Sua istrao durou quinze anos, contra sua vontade, pois solicitou sua volta para Lisboa, sempre adiada pelo rei de Portugal. Apoiou jesutas na catequese de ndios, mas ao mesmo tempo, promoveu o extermnio dos mesmos ndios em guerras financiadas pelo seu Governo. Criou igrejas e concluiu a construo da Santa Casa de Misericrdia, mas suas aes no se limitaram a capitania da Bahia. Men de S foi responsvel pela expulso dos ses que se encontravam desde 1555 na Bahia de Guanabara.

Trouxe para o Brasil 336 escravos africanos e moas rfs para casarem-se com os colonos, agradando muito a igreja que condenava as ligaes entre os europeus e as ndias.
Com a morte de Men de S, foi Governador o Ouvidor-geral e Provedor-Mor, Ferno da Silva.

Quarto Governo
O quarto Governador-Geral, Lus Vasconcelos, faleceu antes de chegar Bahia. Aps esse fato, o rei bipartiu a istrao das terras do Brasil e nomeou dois governadores. D. Luiz de Brito e Almeida, Governo-Geral de Bahia, Ilhus, Pernambuco e terras mais ao norte; e D. Antonio de Salema, Governo-Geral de Porto Seguro, Esprito Santo, Rio de Janeiro, So Vicente e terras mais ao Sul. Nesta nova situao houve a nomeao de muitos para ocuparem os cargos do Governo, agora em dobro. Em 12 de abril de 1577 Loureno da Veiga foi nomeado Governador-Geral e as terras e a istrao foram unidas outra vez. Esta medida reduziu os gastos e o nmero de funcionrios em muito aumentados por causa da diviso. At a invaso dos holandeses foram os seguintes os Governadores-Gerais:

Diogo Loureno da Veiga, D. Manuel Teles de Menezes que governou at 1587, D. Francisco de Sousa, Diogo Botelho que governou de 1602 a 1608, Diogo de Menezes quando se dividiu outra vez o Brasil em Norte e Sul, Gaspar de Souza e Lus de Sousa. Em 1624, durante o Governo de D. Diogo de Mendona Furtado, Salvador foi invadida pelos holandeses, vencendo a resistncia dos moradores que fugiram da cidade, mas voltaram diversas vezes para atacar e cada vez mais enfraquecer os holandeses. Em 1625, aps um ano de dominao holandesa da cidade e transcorridas diversas batalhas, encontraram-se os holandeses isolados, sem comida e cansados. A chegada da ajuda dos espanhis determinou definitivamente a rendio e sada dos holandeses da Bahia. Houve posteriores tentativas de tomar de assalto a cidade de Salvador, mas todas sem sucesso.

No sculo XVIII a estrutura poltico-istrativa voltada para os interesses da colnia e orientada pelo pacto colonial conflitava com os interesses da populao da capitania da Bahia. Por tais motivos houve diversos conflitos entre colonos e a colnia que, no quadro nacional da histria, no receberam devida valorizao, mas que tiveram grande importncia para a organizao dos colonos em direo Independncia. Alguns conflitos no apontavam a condio de colnia como promotora da difcil situao em que se encontravam os colonos do Brasil, outros apontavam a independncia como nica maneira de resolver a situao.

Desta forma, alguns importantes movimentos foram precursores da independncia da Bahia e do Brasil. Em 1711, o Motim do Maneta, o Motim de Dezembro e o Levante do Tero Velho apresentavam uma insatisfao da populao para com a situao de domnio e pobreza em que se encontrava a cidade de Salvador e a capitania de modo geral. O primeiro e mais importante protestava contra os valores dos artigos importados e contra os altos impostos que eram obrigados a pagar para manter a segurana da colnia e as regalias da metrpole. No entanto, ainda no se cogitava na Bahia as idias de separao entre Brasil e Portugal.

De 1794 a 1798 ocorreu o movimento denominado Conjurao dos Alfaiates, Inconfidncia Baiana, Sedio dos Mulatos entre outros nomes. O movimento caracterizou uma das mais importantes manifestaes anticoloniais do estado e do pas no sculo XVIII. Influenciados pelas idias iluministas, os baianos queriam a Repblica na qual todos seriam iguais perante a lei, no importando a cor, e o poder originasse do povo. No estado em que mulatos e negros predominavam em nmero, apenas os europeus possuam o poder de deciso e ocupavam os altos cargos. Em contrapartida, eram os mulatos e pobres os mais cobrados pela coroa que exigia cada vez mais e maiores impostos.

Este movimento caracterizou-se por 11 boletins chamados sediciosos, manuscritos e colocados em pontos centrais da cidade em 12 de agosto de 1798. Os revolucionrios reivindicavam a igualdade de direitos sem distino de cor e equivalncia entre colnia e metrpole, exigindo que o porto de Salvador fosse aberto para que o Brasil pudesse comercializar livremente com todos os pases do mundo e no apenas com a metrpole.

Denncias contra os sediciosos levaram a priso e morte de diversos baianos em vrias aes de represso. A abertura dos portos do Brasil e da Bahia se deu em 28 de janeiro de 1808, atravs do chamado Decreto de Abertura dos Portos do Brasil e permitiu livre comrcio dos baianos com todos os povos do mundo. Isso aconteceu quando o Prncipe D. Joo j estava refugiado no Brasil, fugindo dos ses que tomaram Lisboa.

Segundo diversos autores como Alencar (1981) a atitude do rei nada tinha a ver com as exigncias dos brasileiros, mas sim com as exigncias da Inglaterra que desejava explorar o crescente mercado das colnias portuguesas. Portugal devia Inglaterra a proteo que recebeu durante a fuga para o Brasil. A presena da famlia real no Brasil proporcionou Bahia outros benefcios como a criao da Escola Mdico-Cirrgica, posterior Faculdade de Medicina da Bahia, a criao da Companhia de Seguros Comrcio Martimo e a resoluo favorvel existncia de indstrias na colnia.

O movimento chamado Pronunciamento de 10 de fevereiro de 1821 marcou a adeso da Bahia ao movimento liberal-constitucionalista instalado na Europa e que determinou a Revoluo Constitucional de 1820 no Porto e em Lisboa. Na Bahia, ele foi liderado de dentro da priso do Aljube, pelos prisioneiros polticos da Revoluo de 1817, que foi pouco expressiva na Bahia, mas importante em Recife. O movimento evidenciava o desejo dos baianos em participar da formao da Constituio que regiria os destinos de Portugal e suas colnias e que poderia permitir a instituio de direitos para a Capitania e deveres para a metrpole.

Na Cmara Municipal de Salvador, por determinao do governador Conde de Palma pressionado pelos baianos, foi constituda a Junta Provisria de Governo da Provncia da Bahia, composta de representantes das principais camadas da sociedade: igreja, comrcio, exrcito e agricultura. Embora liberal, o movimento pela Constituio ainda adotava compromisso de subordinao a Portugal, o que desagradava muito os revolucionrios de 1821 que clamavam a independncia. Isso ficou claro quando a junta jurou obedincia Coroa e igreja catlica como tambm constituio que a Corte elaborasse.

Deputados baianos foram escolhidos para participarem, na Corte, da elaborao da Constituio para o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, por eleio indireta no dia 3 de setembro de 1821. Ao chegarem a Portugal os deputados baianos encontraram a discusso para a futura Constituio em pleno andamento colocando-os em divergncia imediata com os portugueses. Os representantes brasileiros (baianos, pernambucanos e paulistas) reivindicavam autonomia para o Brasil enquanto os portugueses desejavam retrocesso de concesses como a abolio do livre comrcio.

Vrios movimentos e manifestaes a favor da Independncia da Bahia e do Brasil ocorreram em Salvador e no Recncavo, tendo sido sempre reprimidos pelos Portugueses que ainda tinham o poder militar na Bahia. As Cmaras das cidades do Recncavo proclamavam a formao de um centro do Poder Executivo no Brasil exercido por D. Pedro, j aclamado no Rio de Janeiro como Defensor Perptuo e Constitucional do Brasil. Mas a fora militar impedia as sesses da Cmara e reprimia com prises as manifestaes do povo.

Aos poucos os conflitos tornaram evidente a aproximao da independncia no s do estado mas de todo o Brasil. Alguns fatos importantes antecederam a independncia como a Batalha do Piraj travada na rea de Cabrito-Campinas-Piraj foi a maior demonstrao de resistncia militar pela independncia no estado da Bahia. Foram oito horas de luta armada entre os soldados baianos e os portugueses que resultou na morte de vrios soldados brasileiros e lusitanos. Vrios episdios de batalhas e conflitos antecederam o episdio conhecido pelo nome de Libertao da Bahia. Ilhados na cidade do Salvador, os portugueses sofriam com a falta de gneros bsicos para a sobrevivncia como comida e gua.

Todo o entorno da cidade j estava ocupado pelos soldados baianos que impediam os portugueses de sarem da cidade ou de entrar nela qualquer pessoa ou suprimento. No dia 1 de julho, cansados, com fome e sede, os portugueses comearam a abandonar a cidade. Embarcaram em navios mercantes ou de guerra soldados, oficiais e mesmo as famlias portuguesas, na maioria comerciantes que permaneceram na cidade. Enfim, no dia 2 de julho de 1823 entrou na cidade o exrcito brasileiro, marcando a Independncia da Bahia. Neste dia consolidou-se a separao poltica entre Brasil e Portugal, deixando de haver um ponto de apoio para os portugueses vindos da Europa para lutar pela Monarquia portuguesa.

A partir de ento, um perodo Monrquico Constitucional Unitrio instalou-se tambm na Bahia. Em 2 de julho o prncipe D.Pedro tornou-se Imperador da Bahia, mas na verdade, j era Imperador do Brasil desde 12 de outubro de 1822 e j havia uma Assemblia Constituinte no Rio de Janeiro. Como no episdio da Carta Constitucional Portuguesa, a Bahia estava atrasada, desta vez no processo de independncia do pas.

As provncias ainda no estavam sob um s governo executivo, mas com a Independncia da Bahia, a independncia e a consolidao do Imprio do Brasil tornou-se vivel. No entanto tambm nesse perodo alguns conflitos e manifestaes importantes ocorreram na Bahia. Ordens do Imperador D.Pedro, como a transferncia do Sargento-Mor Silva Castro, importante oficial na luta pela Independncia da Bahia, para o Rio de Janeiro, evidenciavam uma tendncia do imprio em centralizar as decises e as aes no Rio de Janeiro. Algumas provncias como Pernambuco, Paraba, Alagoas, Rio Grande do Norte e Cear desligaram-se do poder executivo central estabelecido no Rio de Janeiro, era a Confederao do Equador que pretendia liberar as provncias das ordens do Rio.

A Bahia se dividia entre obedecer irrestritamente o Imperador ou desligar-se como outros estados do Nordeste do pas. O levante do Terceiro Batalho (Periquitos), batalho do qual fez parte Maria Quitria nas lutas pela independncia, evidenciava o descontentamento dos baianos em relao istrao do Imperador D.Pedro I e chegou a beirar uma guerra civil entre adeptos e contrrios Monarquia. J haviam ento rumores sobre a Repblica.

Para manter a submisso da Bahia sua autoridade, D.Pedro I visitou rapidamente a provncia e, com discursos e audincias, tentou manter os nimos frios e controlados, dando a falsa impresso de preocupao com os interesses baianos. No entanto, sua poltica tendenciosa que beneficiava Portugal e a Inglaterra com o mercado e o dinheiro brasileiros, s causava desconfiana e temor na populao baiana. Nos anos seguintes de 1829, 1830 e 1831 sucederam-se diversos conflitos entre brasileiros e portugueses, principalmente na cidade de Salvador e nas vilas de Cachoeira e Santo Amaro.

Havia, ento, um sentimento anti-lusitano que estimulava que estimulava conflitos dentre os quais aquele conhecido como Mata-Maroto, que resultou na substituio do Presidente da Provncia da Bahia e do Governador das Armas, todos portugueses e sua substituio por representantes brasileiros, baianos.

Estes conflitos aram com algum tempo, a criticar diretamente ao regime Monrquico Constitucional Unitrio instalado no Brasil e aram a sugerir o federalismo que permitiria autonomia s provncias, antes que D.Pedro I tentasse reunificar Portugal e Brasil num novo Reino Unido, como desconfiavam alguns baianos. A Revoluo Federalista de 1832 e 1835 definiu-se com a deposio de D.Pedro em 7 de abril de 1831.

No entanto, apenas em 1832 foi proclamada a Federao da Provncia da Bahia e formado um Governo Provisrio o qual no se subjugava mais s ordens do Rio de Janeiro e pretendia reformular leis contrrias ao federalismo na Bahia aps a formao de uma Assemblia Constituinte Legislativa Provincial. Tais transformaes, no entanto, no tinham o aval do governo da provncia baiana que reprimiu o movimento com armas e prendeu os federalistas mais importantes, enfraquecendo o movimento.

No entanto, o movimento federalista no findou na Bahia. Ao contrrio, deu vazo revoluo conhecida como Sabinada, de grande importncia para a histria da Bahia e do Brasil. Era um movimento federalista que pedia reviso da Constituio de 1824 e a descentralizao poltica sem desligar-se do poder executivo central no Rio de Janeiro. A Sabinada j apresentava inclinao ainda pouco definida para a Repblica.O levante de 7 de novembro marca o comeo do aspecto militar da Sabinada, j que a revoluo teve incio muito antes com a publicao das idias revolucionrias. O levante do Forte de So Pedro de 7 de novembro de 1837 iniciou uma srie de conflitos que culminaram com a formao de um governo baiano desligado do Governo Central do Rio de Janeiro.

No entanto, o movimento baiano no estimulou a adeso de outras provncias e ainda desagradou aos grandes proprietrios do Recncavo que investiram contra os chamados sabinos. Sem apoio a Sabinada limitou-se ao estado livre e independente da Bahia at a maioridade de D.Pedro II, que corria srios riscos de perder o trono.

Segundo Tavares (1987) o movimento tornou-se contra a submisso istrativa e poltica da Bahia ao Rio de Janeiro, a centralizao. No entanto, no se opunha a Monarquia Constitucional nem ao Prncipe D.Pedro II. Era contra o trabalho escravo, mas no obteve conquistas neste campo. Teve seu fim com a retomada do controle de Salvador pelo exrcito do Imperador, controle esse que perdurou at depois da maioridade de D.Pedro II, evitando maiores conflitos to comuns na provncia. A Sabinada foi a ltima revoluo armada da Bahia at o movimento republicano no qual ressurgem ideais federalistas.

Segundo alguns autores, o federalismo de Rui Barbosa foi o que mais caracterizou e animou a poltica na Bahia, na ltima dcada do Imprio. Neste fim de sculo, um dos maiores problemas do Brasil era encontrar um regime que garantisse a unidade do pas. Embora D.Pedro tentasse manter o Imprio a todo custo, seus esforos e dos monarquistas s popularizavam as idias republicanas e a proclamao da Repblica torna-se cada vez mais prxima.

Organizaram-se no estado trs partidos polticos, dois antigos o Conservador e o Liberal e um novato e pouco representativo, o Republicano que embora defendesse as idias republicanas, tinham pouca representao no estado e pouco decidiam sobre os rumos da Repblica a ser proclamada. Apenas na noite de 15 de novembro de 1888, Salvador conheceu os acontecimentos, que na manh do mesmo dia, levaram a Proclamao da Repblica no Rio de Janeiro.

A notcia foi recebida atravs de um telegrama de Rui Barbosa, ento Ministro da Fazenda do Governo Provisrio. Alm de informar sobre as novas da capital do pas, o telegrama nomeava Manuel Victorino Pereira o Governador do Estado da Bahia. Houve em Salvador demonstraes desaprovao e reprovao por parte dos representantes polticos e militares da Bahia. Os nomes importantes da cidade se dividiram entre os que aderiam a Repblica e os que juravam obedincia Coroa e ao Rei, como faziam h anos.

Ironicamente, era do Comandante das Armas Marechal Hermes Ernesto da Fonseca, irmo mais velho do Marechal Deodoro da Fonseca, chefe militar do movimento republicano no Rio de Janeiro, a liderana do movimento monarquista em Salvador. Hermes da Fonseca, junto ao ex-presidente da Provncia da Bahia, decidiu continuar acatando as ordens do Imperador e desacatar as ordens do Governo Provisrio, que j havia indicado um Governador para o recm proclamado Estado da Bahia.

Lderes militares como Christiano Buys do grupo dos republicanos, tentavam adeso suficiente da populao e dos representantes polticos para a Proclamao da Repblica na Bahia, promovendo diversos pequenos conflitos na cidade do Salvador. O Governador nomeado Manuel Victorino recusou-se a se envolver nesses conflitos e, mesmo sem sua presena, mas j com o apoio do Marechal Hermes Ernesto da Fonseca o Coronel Buys proclamou a Repblica na Bahia somente no dia seguinte a proclamao no Rio de Janeiro. Ocorreu as seis horas da arde do dia 16 de novembro de 1888, no Forte de So Pedro.

Mas o estado permaneceu sem governador at o dia 18 de novembro quando, s 13 horas Virglio Damsio foi empossado Governador do estado da Bahia. Damsio, que teve papel atuante no processo da proclamao, permaneceu no cargo at o dia 23 de novembro quando, em obedincia ao Governo Provisrio, ou o cargo ao mdico e poltico Manuel Victorino. Por ter sido sempre liberal, Victorino surpreendeu a todos quando se uniu a polticos do Partido Conservador, propondo mudanas no sistema de sade e educao, desagradando os liberais e os republicanos. Esses ltimos promoveram o movimento que levou a renncia de Victorino no dia 23 de abril de 1890.

Ao contrrio do que imaginaram os republicanos, a renncia resultou na posse do Marechal Manuel Hermes Ernesto da Fonseca como governador e na ascenso do grupo conservador do qual participavam Luiz Vianna, Jos Marcelino de Souza, Jos Gonalves Dias e Satyro de Oliveira Dias. Isso demonstrou que os liberais e os conservadores, grandes fazendeiros do Recncavo e do Serto, realmente detinham o poder, enquanto os novatos republicanos eram pouco representativos. Os liberais e os conservadores elegeram a maioria dos representantes da Assemblia Constituinte e o primeiro governador republicano do Estado da Bahia, Jos Gonalves da Silva.

Em novembro de 1891, devido s manifestaes de insatisfao de alguns setores da sociedade baiana, o Marechal Deodoro da Fonseca dissolveu o Poder Legislativo demonstrando autoritarismo que foi renegado e combatido na Bahia, principalmente por representantes militares, sempre envolvidos nos movimentos revolucionrios e contra o governo do estado.

Aps diversas mudanas no governo do estado, finalmente o Partido Republicano da Bahia conseguiu consolidar-se e eleger, em 1892, por voto direto, o Governador Joaquim Manuel Rodrigues que comandou o Estado at 1896, quando o Conselheiro Luiz Vianna tornou-se Governador. Foi no mandato de Luiz Vianna que ocorreu o episdio conhecido na histria do Brasil como Guerra de Canudos. O povoado de Canudos surgiu sob a liderana religiosa do beato Antonio Conselheiro, Antonio Vicente Mendes Maciel, um homem extico,de cabelos e barba sempre grandes e vestindo uma longa bata azul. A cidade abrigava uma grande quantidade de fiis, ex-escravos, ndios e todo tipo de excludos que encontravam apoio e acolhida em meio s difceis condies do serto nordestino. O lugarejo foi formado na Regio da Serra do Cambaio e do Vale do Rio Vasa-Barris. A comunidade se fundamentava em ideais puramente religiosos, mas acabou representando ameaa Monarquia por rejeitar ordens legais como o casamento civil e o registro em cartrio dos recm-nascidos.

Alm disso, a comunidade cresceu muito rapidamente e no podia ser controlada pelas autoridades republicanas, pois o povo de Belo Monte s obedecia as ordens do beato Conselheiro, espcie de porta-voz de Deus na terra. Conhecendo os perigos de no seguir o regime, Belo Monte sempre esteve preparada para possveis ameaas de invaso j que possua um grande arsenal de rsticas armas de fogo.

Vrias tentativas de acabar com a suposta conspirao monarquista instalada em Canudos realizadas pelas forcas armadas brasileiras falharam, mas exterminaram aos poucos os 25 mil habitantes do povoado. Em 5 de outubro de 1897. uma quinta expedio conseguiu exterminar os moradores do povoado que ainda resistiam heroicamente. Em 22 de setembro de 1897 morreu Antonio Conselheiro.

Segundo Antonio Olavo (site) a guerra de Canudos foi um massacre sem precedentes no Brasil de milhares de pessoas que nada tinham de subversivas e apenas defendiam sua f e seus princpios. Durou um ano e mobilizou mais de 10 mil soldados de 17 estados brasileiros culminando com a destruio irracional da cidade. De 1896 a 1912 diversos fatos acompanharam as mudanas de governadores da Bahia. Foi no mandato de Severino Vieira, sucessor de Luiz Vianna, que o Partido Republicano da Bahia se dividiu e originou o Partido Republicano Dissidente no mandato seguinte, o de Jos Marcelino de Souza. Os dissidentes apoiavam J.J. Seabra para a sucesso no governo do estado, sendo chamados de seabristas.

Na primeira dcada do sculo XX as dissidncias em questes polticas eram evidenciadas nos diversos grupos que surgiram, cujos nomes mostravam a preferncia para a sucesso no governo do estado. Eram os vianistas, severinistas, seabristas cujas divergncias levaram ao grave episdio do bombardeio de Salvador no dia 10 de janeiro de 1912, no mandato de Joo Ferreira de Arajo Pinho. Segundo Tavares (1987), forcado a renunciar, o governador Arajo Pinho transmitiu o governo a seu substituto legal, Aurlio Vianna, que foi recusado pela maioria da Cmara Estadual. Em represlia, o prdio da Cmara foi fechado e a capital do estado transferida para Jequi. Houve briga judicial que favoreceu os vereadores, no entanto, a deciso legal de liberar a Cmara no foi aceita pelo Governo do estado. A reao militar foi imediata e no dia 10 de janeiro, os Fortes de So Pedro e do Barbalho canhonearam o centro da cidade por 4 horas causando grandes estragos s construes do local.

O bombardeio causou no s muitas confuses e estragos para a populao, mas tambm, muitas confuses polticas em todo o estado e at para o Presidente, Marechal Hermes da Fonseca. Na Bahia resultou na eleio para Governador do Estado vencida por J.J. Seabra, dezesseis dias depois do bombardeio.

Chegada de Tom
Chegada de Tom de Souza Bahia - Gravura do Sec XIX
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